quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Paz

Como todas as mães, creio que nossa mãe Maria Santíssima se preocupa conosco. O desequilíbrio da humanidade gera conflitos em toda parte... Urge orar pela Paz na Terra. Felizmente, podemos fazer isto juntos, todos os dias!

Reflexão sobre os 150 anos do Espiritismo

A comemoração do sesquicentenário da obra O Livro dos Espíritos coloca em pauta o início do movimento espírita no mundo e nos convida à reflexão sobre toda a gama de assuntos abordados nesse extenso e profundo questionário respondido pela espiritualidade.

Realmente, trata-se de um propício momento para meditação sobre tema muito pertinente ao contexto da juventude. Esse período da vida é para ela, exatamente, um tempo em que a perplexidade diante dos problemas enfrentados pela humanidade formula, também, perguntas insolúveis sem a compreensão e a aceitação da preexistência da alma e da vida futura. Esses são os dois elementos essenciais ao entendimento do impecável sistema judicial que rege o universo. Em suma, podemos ressaltar, de forma bastante simples e acessível: não há efeito sem causa, ou seja, não existe atitude humana que não acarrete conseqüências, nesta ou em outra vida, tanto a que prossegue no mundo espiritual quanto a que se desdobra nas encarnações vindouras. Transitamos realmente, assim, de existência em existência, inexoravelmente responsáveis por tudo o que pensamos e fazemos, sentimos e desejamos, falamos e prometemos...
Essa relação entre responsabilidade individual e justiça divina, quando assimilada conceitualmente e sinceramente transposta para o cotidiano, gera uma outra visão de mundo e instaura no íntimo da pessoa, uma grande confiança em sua destinação espiritual, e uma certeza muito reconfortante de que todos os processos de aprendizagem, por mais difíceis que pareçam, são instâncias passageiras que renderão as transformações necessárias, ou seja, o desenvolvimento espiritual do ser. Neste ponto de nossa reflexão, levanta-se um questionamento importante: o que é e como se efetua o nosso desenvolvimento espiritual?


Allan Kardec                         

Encontramos nos Prolegômenos do Livro dos Espíritos  uma   menção importante para nós, cidadãos do mundo contemporâneo: “Os Espíritos anunciam que os tempos marcados pela Providência, para uma manifestação universal, são chegados, e que, sendo os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, sua missão é instruir e esclarecer os homens abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade”.

Quando o jovem relanceia seu olhar sensível sobre o mundo, o que vê por toda parte, e de forma sobremaneira gritante, é precisamente esta necessidade premente de regeneração. Que prevaleçam valores éticos nas relações humanas, que se instaurem relações democráticas nas questões políticas, que se consolidem relações de respeito nas contendas ambientais... O resgate da humanidade da humanidade, nestes tempos hodiernos, precisa transcender a condição puramente humana e abranger a extensão existencial do espírito, englobando o passado e o futuro de um ser permanentemente vivo, seja em qual dimensão do universo estiver.

A obra de regeneração convoca, assim, a todos nós, mas muito especialmente a juventude, cujos anseios legítimos de felicidade e de paz, são sustentados pela esperança natural deste encantador período da vida. E o que é a esperança senão um exercício de fé daquele que caminha com confiança em Deus?

No Evangelho Segundo o Espiritismo, nas Instruções dos Espíritos sobre A Nova Era, no Capítulo I, item 10, podemos observar na mensagem de Fénelon, (Poitiers, 1861), o seguinte trecho: “A cada um a sua missão, a cada um o seu trabalho. Não constrói a formiga o edifício de sua república e imperceptíveis animálculos não elevam continentes? Começou a nova cruzada. Apóstolos da paz universal, que não de uma guerra, modernos São Bernardos, olhai e marchai para frente; a lei dos mundos é a do progresso”.

Essa exortação consoladora responde a principal questão que a presente reflexão levanta: não existe desenvolvimento espiritual individual, o desenvolvimento de um espírito se processa somente de forma coletiva. O ser humano apreende e aprende ensinamentos, e realmente aplica-os à sua vida, somente trabalhando com e em prol de seus semelhantes.

Se o nascimento do Movimento Espírita organizado está marcado pelo lançamento da obra O Livro dos Espíritos, a primeira da Codificação Espírita realizada por Allan Kardec, a continuidade do movimento e a difusão desta e de todas as obras que se sucederam a ela, estão estritamente vinculadas ao estudo, à reflexão e à pratica do Evangelho pelas gerações emergentes. Por mais que se concentrem nos livros os ensinamentos necessários à regeneração da humanidade, sem a ação regeneradora dos trabalhadores voluntários comprometidos com o Cristo, a transformação do nosso mundo não acontecerá.

Seja pois, a comemoração dos 150 anos do Livro dos Espíritos, uma ampla convocação para assumirmos, com a necessária urgência, o nosso posto de trabalho e cooperação na construção de uma realidade de paz e de fraternidade na Terra.

Rita De Blasiis

Uberaba, 24 de abril, 2007. Brasil


Bibliografia:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1995, p. 42-44.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Brasília: FEB,2006, p. 63-64.

Bernardo de Claraval. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bernardo_de_Claraval>. Acesso em: abr. 2007.